sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sem dono

Fonte: umaemuitas.blogspot.com
Por vezes me sinto assim:
feito um cão sem dono
vagando, vagando, vagando
num caminhar sem fim,
absorvido na dor do abandono!

Tal como o cão de rua,
tenho o olhar perdido,
a alma nua
o coração doído.
Tal como um viralata
tenho coragem para jogar olhares
em busca de carinho,
mesmo que devolvam de forma ingrata,
que me ignorem pelo caminho.

Não sei porque me sinto assim
feito um cão sem dono,
sem um afago, um osso, um jardim.
Sonhando com alguém
que me livre das pulgas,
me trate como um precioso bem, que olhe pra mim.

Kelly Adriani Ferretti
19/11/11

Folha de papel

Fonte: myflashideas.blogspot.com
Generosa invenção humana
a folha de papel!
Nela tudo revelo
quase que como uma confissão
insana!..

A folha de papel envelhecida
recebe as dores de um coração,
os versos de uma poeta vencida
na sua inocência padrão.

E que o seria essa inocência?
Aquela de perdoar
o que não tem perdão.
De acreditar nos lábios alheios,
nas vozes de um falso coração!

Generosa invenção humana
a folha de papel.
Tudo de minha alma guarda
seja doçura ou amargo fel!

Kelly Adriani Ferretti
03/12/11

Despedida

Fonte: singrandohorizontes.wordpress.com
Nesse instante,
agorinha mesmo,
ouça o que minha voz delirante
sussurra em triste aflição:

despeço-me!
Despeço-me deste cárcere
no qual me fiz moradora acidental...
Despeço-me de você,
de tuas manhãs, de tuas tardes...

Quer dizer... penso eu
dos dias de tua vida ter feito parte.
Mas se fiz não foi por completo,
como disse: apenas parte!

Despeço-me dessa alegria,
dessa crença de que tudo pode ser,
de que tudo é sonho, é magia
e que o fato de amar
embora ora ou outra faça doer,
ainda assim é válido sentir
cada instante dessa dor.
Essa dor a que chamam de... amor!

Kelly Adriani ferretti
03/11/11